WTempo
Relógio das Culturas
O que é o tempo? A resposta varia, dependendo da sociedade
por Pelos editores
Gavin Hellier Corbis; Bart omeu Amengual age Fotostock; Johnny Stockshooter Aurora Photos; Oscar Okapi Aurora Photos
Atrase
uma hora no Brasil e ninguém nem irá se importar muito. Mas, na Suíça, deixe
alguém esperando mais que cinco ou dez minutos e terá muito a explicar. Em
algumas culturas o tempo é elástico, em outras, monolítico. De fato, o modo
como membros de uma cultura percebem e usam o tempo reflete as prioridades da
sociedade e até sua visão do mundo.
Cientistas
sociais registraram grande diferença no ritmo de vida em vários países e em
como as sociedades percebem o tempo: se como uma flecha penetrando o futuro ou
como uma roda em movimento, onde passado, presente e futuro giram sem parar.
Algumas culturas combinam tempo e espaço: o conceito dos aborígenes
australianos do “tempo de sonhos” abrange não só o mito da criação, mas também
o método de selocalizar no campo. Mas algumas visões de tempo interessantes,
como o conceito de ser aceitável uma pessoa poderosa manter alguém de status
inferior esperando, parecem desconhecer diferenças culturais. Elas são
universais.
O estudo
de tempo e sociedade pode ser dividido em pragmático e cosmológico. Do ponto de
vista prático, nos anos 50, o antropólogo Edward T. Hall escreveu que as regras
de tempo social compõem uma “linguagem silenciosa” para determinada cultura. As
regras nem sempre são explícitas, analisou ele, mas “subentendidas... Ou são
cômodas e familiares, ou erradas e estranhas”.
Em 1955,
ele descreveu na Scientific American
como percepções diferentes de tempo podem levar a mal-entendidos entre pessoas
de culturas diversas. “Um embaixador que espera um visitante estrangeiro mais
que meia hora deve entender que se este último ‘mal murmura uma desculpa’ isto
não é necessariamente um insulto”, exemplifica. “O sistema de tempo no país
estrangeiro pode ser composto de unidades básicas diferentes, então o visitante
não está tão atrasado quanto parece.
Deve-se conhecer o sistema de tempo do
país, para saber a partir de que ponto as desculpas são realmente
necessárias... Culturas diferentes atribuem valores diversos para as unidades
de tempo.”
A maioria
das culturas do mundo agora usa relógios e calendários, unindo a maior parte do
globo no mesmo ritmo geral de tempo.
Mas isso não significa que todos acertem o
mesmo passo. Algumas pessoas se estressam com o ritmo da vida moderna e o
combatem com o movimento “slow food” enquanto em outras sociedades as pessoas
sentem pouca pressão no gerenciamento do tempo.
“Uma das
curiosidades do estudo de tempo está no fato de ele ser uma janela para a
cultura”, avalia Robert V. Levine, psicólogo social na California State
University em Fresno. “É possível obter respostas sobre valores e crenças
culturais: uma boa ideia do que importa para as pessoas.”
Levine e
seus colegas fizeram estudos do “ritmo de vida” em 31 países.
Em A geography of time, publicado pela primeira
vez em 1997, Levine descreve a classificação dos países usando três medidas:
velocidade para andar nas calçadas urbanas, rapidez de um funcionário do
correio em vender um simples selo e a precisão dos relógios públicos. Baseado nessas
curiosas variáveis ele concluiu que os cinco países mais rápidos são Suíça,
Irlanda, Alemanha, Japão e Itália e os cinco mais lentos, Síria, El Salvador,
Brasil, Indonésia e México. Os Estados Unidos ocupam a 16º lugar, próximo ao
mediano. https://sciam.uol.com.br/relogio-das-culturas/
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